terça-feira, outubro 02, 2007

BURROS, BESTAS, CARROS E CARROÇAS...

Nunca me tinha apercebido, mas hoje finalmente percebi que todos os dias tenho feito algum automobilista sentir-se bem o dia todo…

Como alguém que faz parte da população activa deste país que TEM que ír de carro para o trabalho (trabalho Zona do Lumiar –Telheiras… Viram por aí os transportes públicos?) levanto-me ás 7 Horas da manhã. Tomo o duche enquanto o meu marido faz o pequeno almoço, faço a cama enquanto ele toma banho, tomamos o pequeno almoço e conseguimos saír por volta da 7H45… A partir daqui todos começam a competir comigo na estrada…

Sou eu que conduzo, porque sou eu que fico o dia todo com o carro, o meu marido fica a meio do caminho, na ida e na volta.

Bem… andava desconfiada que eu era o “elo mais fraco” desta cadeia que envolve os automobilistas… portanto existem:

OS CAMPEÕES - Aqueles que saem de casa em Mem Martins ou Cacem ás 8H30 e conseguem chegar ao trabalho (vá lá… isto já para o exagero) ás 9H30 (30 minutos depois do expediente ter iniciado) pelo caminho acelaram fazem slalon pelo meio dos outros carros, buzinam travam repentinamente (tirando as vezes que acertam no carro da frente)… têm orgulhosamente nos eu curriculum 127 multas de excesso de velocidade das quais pagaram duas, tiveram 7 carros nos últimos 3 anos, 5 dos quais destruídos em acidentes; conduzem carros de cilindrada.

OS CAGÕES – Aqueles que saem de casa em Mem Martins ou Cacem ás 8H15 e chegam ao trabalho ás 9H15… Conduzem carros novos, comprados o mês passado a leasing; quando vêem um carro 7 anos mais velhos acham que são superiores… e começam a ultrapassar, a acelerar, a meterem-se á sua frente… a mostrarem-se… esquecem-se é que é um carrinho novo mas 1200 … o teu pode ter 7 a mais mas é um 1900… Ah!!! E é TEU!...

OS PARVALHÕES – São aqueles que acabaram agora de saír da escola de condução, têm um carro velho, dado pelo papá, cheio de mariquices desenhadas e autocolantes, mas com o motor em lástima, por norma ouvem a música muito alta (porque o Hi-Fi é mais caro que o carro… esquecem-se que aqui o que vale mesmo é o motor), gostam de dar nas vistas, são perigosos a fazer as manobras, que por sinal não sinalizam, alguns talvez por falta de condições de segurança do veículo, como lâmpadas fundidas… enfim… Por norma regressam a casa á hora a que os outros vão trabalhar, alguns com taxas de alcoolémia acima do normal e cheios de sono…

Eu faço parte dos TOTÓS…

Todos me ultrapassam, todos se metem á minha frente, todos me apitam, circulo á velocidade regulamentada para os locais por onde ando…

No fim de semana passado, no sentido Lisboa- Sintra na famosa segunda circular, mesmo antes de Pina Manique um camionista num enorme TIR, posicionado na faixa do meio (onde eu ía) mesmo atrás de mim (eu ía a 80 KM/H, o máximo para o local) coladissimo a mim, apitou-me, fez-me sinais de luzes… até que passei pela placa onde estava circundado a VERMELHO o “80”… Abri o vidro e apontei-lhe para lá… numa fúria louca, ele ultrapassou-me furioso pelo lado direito a buzinar… como quem diz: “Estou-me perfeitamente a C#%AR para as regras sejam elas de trânsito, de segurança, de educação e para ti”… lembro que isto foi num fim-de-semana…

Pois e esta manhã, um carro comercial ligeiro lembra-se de se encostar a mim… não decidiu meter-se á minha frente, como acontece a toda a hora e a todo o instante… não… ele começou a empurrar-me para a direita sob ameaça de me bater… estava parvo, alcoolizado, adormeceu?!... Pois, não sei… só sei que pela primeira vez decidi que se ele me batesse a culpa seria dele, contornei-o e ultrapassei-o… E aqui tive a visível sensação que aquele espertalhão ficou com o dia estragado, graças a mim… não foi uma atitude normal em mim… mas temos dias assim…

Quando deixo que um carro (que vem de uma estrada de acesso a uma via principal e que está ali há imenso tempo á espera que o deixem passar com o sinal ligado) passar, penso sempre na falta de civismo que existe nas estradas… mas porque não se deixa aquele carro passar?... Chegaremos muito atrasados se o deixarmos entrar? Ele ficará á nossa frente??? Que importa isso???

Que me importa a mim que o carro da pessoa que vai a acelarar pela faixa do lado esquerdo seja melhor que o meu?! O carro não é meu, e o meu também anda… Não é???

Porque tenho eu que estar a mostrar áquelas pessoas que andam a contornar e controcer-se e enervar-se e enervar, que sou melhor, ou pior ou igual que eles??? Que me importa a mim que ele tenha o cadastro de condutor cheio de multas, não sou eu que lhas vou pagar…

Que me importa a mim que aquele jovem tenha vontade de mostrar que sabe conduzir…

O que me importa a mim é que faço uma condução defensiva, tenho o meu cadastro de condutora imaculado (nem uma multa de estacionamento, porque respeito as pessoas que circulam a pé) e orgulho-me disso… a única coisa que me preocupa é o facto e estar totalmente exposta aos tipo de condutores descritos, que não respeitam, nem se respeitam… para eles “a estrada é uma selva”… mal entram nas viaturas transformam-se em primatas… e a culpa dos acidentes, dos estrupiados, das mortes, nunca é deles… é sempre da estrada… dos outros…

E se tomássemos consciência que existem uma coisa que é base de todas as relações que temos com todas as entidades vivas do nosso planeta, O RESPEITO…

Será que posso pedir para pensarem nisso um pouco???

4 comentários:

Anónimo disse...

Uhm... Telhereiras/Lumiar.
Ora duas linhas de metro (ou seja metade das linhas!), umas 10 carreiras da Carris, umas 50 de suburbanos.
Para quem vem da linha de Sintra, pode-se sair no comboio em Entrecampos, e daí há uma linha de metro e umas 5 carreiras da Carris até ao Lumiar e uma até Telheiras.

Mia Olivença disse...

Hummm... Não é para aí para esses lados, amigo... é a seguir ao Bairro da Horta Nova, ao lado do INETI e na estrada de acesso ao Cemitério de Carnide...

INFELIZMENTE só temos o autocarro 3 "TRÊS", que passa de 20 em 20 minutos e nas horas de ponta passa cheio e não pára porque vai lotado...

Sei do que falo, adoro andar de comboio... e poderia ír até Benfica... só que a partir daí, começa a aventura...

Sofia Melo disse...

realmente, a maneira como as pessoas conduzem em Portugal diz muito da maneira de ser dos portugueses, já o disseram os estudos, as notícias, etc. em Coimbra o Problema ´é muito menor, mas houve uma altura em que troquei o carro pelo comboio, e fiz eu muito bem, tenho uma estação mesmo ao pé da porta, e levantava-me uma hora mais tarde que de costume.
Agora, que deixei de trabalhar no centro da cidade, melhor ainda!!! viva o sossego.

Lita disse...

O post que eu gostaria de ter escrito!!!!! :)

Excelente, Mia. Como compreendo o que dizes.Para quem passa a ponte para Almada praticamente todos os dias,o regresso é uma aventura, Aqueles paineis, amarelos e gigantes, que "pedem" a entrada alternada de carros na ponte (uma vez que são umas 6 ou 7 vias a afunilarem) parece ser um exercício de geometroa descritiva para alguns condutores. Será assim tão complicado deixar passar outro carro????
Obrigada pelo excelente post... mais um.