quarta-feira, junho 18, 2008

INDEPENDÊNCIA OU MORTE, FOGO!!!

(Texto baseado em FACTOS REAIS... )


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Sou independente… sempre fui independente… Uma questão de berço talvez; os meus pais por motivos familiares políticos ou de personalidade (quiçá de trauma de juventude), quiseram que eu fosse livre para tomar conta de mim desde cedo, ter a liberdade de decidir a minha vida, liberdade para tomar decisões, ter responsabilidade…. acho que resultou.

Fui uma criança normal e feliz, não tive irmãos, nem irmãs mas podia andar na rua a brincar com os amigos, para o bem e para o mal preferia estar em casa a brincar sozinha….

Os meus professores da escola achavam sempre que eu era um criança bastante responsável… tinha um pequeno senão: funcionava melhor sozinha; em trabalhos de grupo era-me sempre complicado e retraía-me a ideia de ter que argumentar…

Aprendi, sem argumentar muito, a “arder na fogueira dos outros”, mas “sempre, sempre á minha maneira”… no fundo talvez fosse um meio-termo para os outros e para mim. Mas nunca gostei muito de ser contrariada… os meus pais não eram de me contrariar muito, só mesmo em coisas impossíveis… gostavam que eu aprendesse com os meus erros.

Sentimentalmente tive um namorado que me enchia as medidas… quase “ardemos na fogueira” um do outro, mas a nossa juventude levou-nos a querer ver outras coisas… e assim me tornei namoradeira, muito namoradeira… talvez isso se devesse ao facto de as “coisas” não poderem ser “á minha maneira”… algumas vezes terminaram comigo… outras fui eu…

Acabei o liceu, a faculdade, encontrei um emprego á minha medida e finalmente comprei o meu apartamento… a LIBERDADE total… viver sozinha, ter o meu apartamento de sonho só para mim, ter os meus 2 gatos e viver feliz…

Aos 25 anos de idade, achei que estava na altura de encontrar “alguém á séria”… conheci-o, gostámos um do outro e quando dei por mim, ele estava “abancado” cá em casa… na MINHA casa… tinha deixado de estar SOZINHA…

No inicio, ter a movimentação anormal em MINHA casa e ter a noção que havia mais alguém cá em casa a fazer coisas “diferentes” á MINHA casa até foi giro… ter roupa no MEU guarda roupa que não era MINHA, ter roupa no MEU cesto da roupa suja, que não era MINHA… chegar a casa e TER que cozinhar… Ter companhia á mesa, ter companhia na cama, ter companhia no banho, ter companhia no sofá, ter companhia no carro, ter companhia na casa de banho, ter roupa em cima do cesto da roupa suja, ter o guarda-roupa todo desalinhado, a casa de banho cheio de pêlos, toda molhada, a tampa da sanita para cima, ter que partilhar os gatos, a televisão, o DVD, o PC… ter que cozinhar, ter arrumar, limpar e reclamar para ter uma ajuda que nunca tinha…

Comecei então a sentir que partilhar afinal não era assim tão giro… principalmente fazer partilha do tipo “ele desarruma e ela arruma” ou “ele suja e ela limpa”… NÃO!!! Não estava a achar nada engraçado não ter um único momento sozinha… estava a ficar paranóica com tanto trabalho doméstico, com tantas tarefas de “esposa”… com tanta falta de espaço e tanta falta de tempo para mim…

Naquele dia, finalmente, tive um pequeno minuto sozinha na hora de almoço do meu emprego… e o meu pensamento foi rápido e eficaz: CHEGA!!!!!!!!!!!...

Quando ele me veio buscar no MEU carro (que era “mais económico e maneirinho para a cidade” que o dele) eu disse-lhe que não estava feliz…

Ele ficou em choque e a seguir disse-me que eu “queria sempre que as coisas fossem á minha maneira”, que eu “não sabia partilhar”… EU NÃO SABIA PARTILHAR… E U ? ? ?... Ele morava na MINHA casa, dormia na MINHA cama, comia na MINHA mesa, acariciava os MEUS gatos, monopolizava o comanda da MINHA televisão, sujava as MINHAS coisas e para cumulo usava o MEU carro e ainda me disse que eu não sabia partilhar…

Ofendido e triste, nessa noite não foi para MINHA casa… o que me deu tempo para arrumar e empacotar as coisas DELE…

A irmã dele foi a paquete de serviço e foi buscar o carro DELE, buscar as coisas DELE… disse-me em tom de confidencialidade que queria ter a minha coragem… “mas por causa dos filhos”… e eu acrescento que é mais por causa de não ser independente… é casada no papel, com casa, carro, filhos, gatos, cães, tudo em comum…

Quando o carro DELE saiu do MEU estacionamento senti o alívio e a alegria de ter a MINHA casa, a MINHA vida, a MINHA independência de volta, foi inexplicável… que saudades… que felicidade!!!

Perguntam vocês: se sou assim tão feliz sozinha, o que me leva a escrever este texto de desabafo??? Bem… É que conheci um tipo… damo-nos bem nos aspectos que interessam ao NOSSO caso mas… nestes feriados de Junho… dei com ele “abancado” cá em casa… e tive um déjà-vus …

Quando vi a tampa da sanita para cima, cabelos na MINHA banheira… e pratos sujos no MEU lava-louça… Hurg!!!... SOCORRO!!!...

Hoje decidi mandá-lo “para dentro que vai chover”… mais do que 5 dias nos MEUS domínios é para mim uma eternidade… não me apetece, não quero e não gosto… desculpa lá , pá!!!

Deixei-o pôr o carro DELE no estacionamento… mas só com os piscas ligados… se não saír quando eu lhe apitar… chamo o reboque… o lugar é MEU…

Sei que hei-de arder na fogueira de alguém… mas será sempre, sempre á minha maneira… E NESTA NÃO É DE CERTEZA…

FOGO!!!
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