quarta-feira, maio 24, 2006

DE QUEM É O PODER, AFINAL?

Porque será que todas as conversas de circunstância entre duas pessoas que acabaram de se conhecer são invariavelmente as condições climatéricas?

E será que alguém se interessa realmente pelas condições climatéricas? Assim: para que este assunto possa ter um fundamento que permita a ambas as partes aprenderem alguma coisa uns com os outros?!! Não. As conversas são: “Parece que hoje vai chover…”- resposta: “pois parece… isto, clima já não é o que era…” e nesta altura, em que se poderia desenvolver um dialogo construtivo acerca do porquê destas alterações, o interlocutor responde “pois… por isso andamos todos constipados”… e aqui se desenrola um dos assuntos preferidos dos portugueses: a vitimização e as doenças… e pronto, as nossas preocupações ambientais, resumem-se egoisticamente ao facto de isso afectar a nossa saúde… e nem sequer temos em conta que somos nós os responsáveis e que estamos a afectar de forma fatal, a saúde do planeta.

Quando está frio, “ai que está tanto frio!!!”, quando está calor: “Ai que está tanto calor”, quando está vento: “Ai que ventania”… e naqueles maravilhosos dias em que tudo está perfeito, ninguém diz nada… queixam-se da constipação provocada pelos dias anteriores…

Eu cá até sugiro que quando têm queixas a fazer relativamente ás condições climatéricas : ou porque não chove, ou porque chove, ou porque está muito vento, ou porque está tanto frio e neva… deviam fazer uma reclamação… oficialmente aquela que nos dá TUDO.

Imagino que poderia ser assim:

“Exma. Senhora Mãe Natureza,

Venho por este meio reclamar oficialmente do frio que esteve o Inverno passado tendo, inclusive nevado no dia 29/01/2006 em Lisboa.
Acha V. Exa Justo, que nós pobres humanos, que não temos roupas adequadas a este tipo de clima, tenhamos que levar com isso? E isto sem contar com as constipações…

Não contente com tal, dá-se V. Exa ao desplante de nos trazer uma Primavera cheia de pólen no ar, sem sequer se dignar á preocupação com as renites alérgicas dos seres humanos, e decerto nos dará um Verão escaldante, como é habitual, para andarmos aí todos encharcados em suor.

Aproveito ainda, para reclamar, em nome dos elementos da minha espécie, todos os tipos de maus-tratos que temos vindo a sofrer por parte de V. Exa, nomeadamente, secas, cheias, tufões, erupções vulcânicas, tsunamis, calor a mais, frio a mais, degelos nos pólos, águas impróprias para consumo… ora desta forma é impossível ter-se qualidade de vida…

Agradecemos que tome as devidas providencias para que tal não se volte a repetir sob pena de termos que enveredar pelas vias legais, que envolve reclamações á entidade competente que manda em V. Exa.


De V, Exa
Atentamente
Humano Descontente”


E imagino uma resposta à altura:

“Exmo Senhor Humano Descontente,

Na sequência da sua missiva, que me mereceu a melhor atenção, venho por este meio informar que a sua reclamação foi indeferida em virtude de a espécie a que V.Exa pertence não ser do meu interesse, sendo-me portanto, indiferente que V.Exa, se sinta incomodado com a minha prestação suprema.

Mais sugiro, que apresente uma reclamação oficial a qualquer uma das seguintes entidades:

Alá – Único e verdadeiro Deus dos Árabes
Shiva – Única e verdadeira Deusa dos Indus
Deus – Único e verdadeiro Deus dos Católicos
Buda – Único e verdadeiro Deus dos Asiático

O mais provável é que nenhuns deles lhe responda e nesta caso, aconselho-o a fazer um exposição directa ao Olimpo, que é uma entidade praticamente extinta, mas a meu ver mais idónea que qualquer uma das que mencionei acima.

Para concluir gostaria que V.Exa soubesse que adoraria ver-vos extintos, uma vez que vos considero uma praga maldita e destruidora; no entanto já perdi a esperança que tal acontecesse e, como tal, estou encetar esforços para acabar convosco de uma forma mais natural e só tenho pena de ter que sacrificar alguns seres vivos de outras espécies; mas fiquem sabendo que mesmo esses, não se importam porque consideram ser por uma boa causa.

No entanto, insisto que preferia não ter que sacrificar o planeta inteiro por tão reles espécie, mas, apesar de V. Exa pertencer á única espécie que mata por algo que não tem qualquer tipo valor real, não vos vejo o fim próximo a não ser por minha interferência.

Portanto, ainda não sei como conseguirei acabar convosco, mas fique certo de que o farei, nem que isso represente a minha própria destruição porque SEM MIM a espécie a V. Exa pertence não sobreviverá.

Sem outro assunto de momento e, na esperança de que parem de me destruir, me despeço, na expectativa que sejam extintos sem que para isso seja necessária a minha intervenção.

De V. Exa,
Infelizmente
Mãe Natureza”



TENHO TANTA PENA QUE A MÃE NATUREZA NÃO CONSIGA COMUNICAR COM OS HUMANOS, COMO O FAZ COM OS RESTANTES SERES VIVOS DO NOSSO PLANETA.